Sexta-feira, 11 de Abril de 2014

outra vez

A traição do corpo começa quando a cabeça deixa.

E a cabeça deixa sempre que o corpo traí.

Parece confuso ou paradoxal, mas é apenas assim.

Não é só a humidade ou o frio. Se fosse o caso, os dias melhores seriam dourados.

Não. Tudo começa na cabeça e depois está nos ossos e custa a subir as escadas, a guiar, a dormir. A seguir há qualquer coisa que acontece e a cabeça diz-nos que temos de ir, de fazer. Ou então, num cenário pior, é a vida que nos mostra a dor dos outros, a morte dos outros, tudo se agiganta e temos de reagir.

Reagir não é ficar quieta. É engolir, descer os degraus dois a dois, subir mais devagar, tentar manter o mesmo tom de voz com todas as pessoas e não desistir.

Desistir não é permitido, é uma não-palavra.

A "traição" vê-se a outra luz quando a memória do corpo se ressente e a angústia se instala. Ter boa memória é algo impossível de controlar.

A maioria das pessoas não gosta que os outros a tenham ou, de preferência, se têm, pois que se calem.

Quanto mais me dói, menos calada consigo ficar. Uma merda.

publicado por Patrícia Reis às 00:18
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2 comentários:
De Um Jeito Manso a 11 de Abril de 2014 às 22:49
Este tempo é tramado, o corpo ressente-se. Experimente tomar um comprimido para as dores e vá fazer uma caminhada, dá para espairecer, sempre estica os músculos e areja a cabeça. Ou durma. Qualquer coisa. Espero, de resto, que a esta hora já lhe tenha passado e já se sinta bem.

bjo.


De Patrícia Reis a 12 de Abril de 2014 às 01:08
Um Jeito Manso, agradeço as suas palavras. Tudo passa, não é? Dias melhores virão. Bj e bom fim-de-semana


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